Data: 24-01-2014
Criterio: B2ab(i,ii,iii,v)
Avaliador: Laila Araujo
Revisor: Luiz Santos
Analista(s) de Dados: Eduardo Fernandez
Analista(s) SIG: Thiago, Marcelo
Especialista(s): Maria das Graças Lapa Wanderley
Justificativa
Ervas perenes, popularmente conhecidas como botão-marrom e cabeça-de-negro (Giulietti et al., 1996). Endêmicas do estado de Minas Gerais, desenvolvem-se sobre solo arenoso-pedregoso às margens de córregos associados ao Cerrado (Wanderley, 2009; CNCFlora, 2013; Wanderley et al., 2014). Descrita em 1841, apresenta poucos registros em herbários, o que reflete em sua área de ocupação, estimada em 44 km². A área de distribuição da espécie encontra-se ameaçada principalmente pelo aumento na frequência de incêndios devido ao manejo do solo para a implementação de atividades agropecuárias, e pelo turismo desordenado estabelecido na região (Giulietti et al., 1987; Oliveira, 2002). Em função desses fatores, a espécie está sujeita ao declínio contínuo de sua EOO, AOO e da qualidade de seus hábitats. Ainda, a coleta seletiva de plantas exercida pela comunidade local, para a confecção de arranjos de sempre-vivas, causa declínio no número de indivíduos maduros de espécies congêneres (Borges, 2002). A elaboração de planos de ação voltados à conservação da espécie é necessária a fim de garantir sua manutenção na natureza.
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Xyris spectabilis Mart.;
Família: Xyridaceae
A espécie foi decrita originalmente na obra Flora 24(2, Beibl.): 54. 1841; é conhecida popularmente por botão-marrom ou cabeça-de-negro (Giulietti et al., 1996).
Não existem dados disponíveis para este táxon sobre potencial valor economico associado, apesar de algumas congêneres serem coletadas por locais para a venda.
A espécie é endêmica do Brasil, com ocorrência exclusiva em Minas Gerais (Wanderley et al., 2014).
Planta herbácea, perenifolia; ocorre em Campos Rupestres sobre solo areno-pedregoso e margem de córregos associados ao Cerrado (Giulietti et al., 1996; Wanderley, 2009; CNCFlora, 2013; Wanderley et al., 2013).
A espécie foi encontrada com flores entre os meses de junho e setembro (CNCFlora, 2013).
1.3 Tourism & recreation areas
Incidência
regional
Severidade
medium
Detalhes
Por sua expressiva beleza cênica e atrativos naturais, a região de ocorrência de X. rupicola vem se constituindo num alvo de mudanças socioespaciais ocasionadas pelo afluxo cada vez maior de visitantes e turistas, além da crescente ocupação caracterizada pelas segundas residências de lazer. Tal fluxo turístico e ocupação exógena adquiriu expressão a partir do final dos anos 1960 e vem aumentando significativamente nos dias atuais, representando ameaça direta a diversidade biológica sensível desta região (Oliveira, 2002).
5.2 Gathering terrestrial plants
Incidência
regional
Severidade
medium
Detalhes
A coleta de plantas terrestres para fins ornamentais é um grande problema para a flora endêmica e com potencial ornamental na Cadeia do Espinhaço. São comuns a coleta de toneladas de capítulos de sempre-vivas (principalmente Eriocaulaceae e Xyridaceae) para exportação, a retirada de orquídeas, cactos e bromélias para cultivo e a extração de diferentes espécies de canelas-de-ema (ou candombás) resinosas para combustível (Giulietti et al., 1987). X. spectabilis pode ser utilizada em arranjos de sempre-vivas, portanto, está sujeita aos impactos oriundos dessa atividade.
7.1.1 Increase in fire frequency/intensity
Incidência
regional
Severidade
high
Detalhes
Devido à topografia irregular e ao solo impróprio para agricultura, os Campos Rupestres onde X. spectabilis ocorrem não parecem sofrer pressão antrópica acentuada. No entanto, estão sujeitos a queimadas frequentes e severas durante os periodos de estiagem (Giulietti et al., 1987).
1.1 Site/area protection
Situação: on going
Observações: A espécie possui registros dentro das seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual da Serra do Papagaio, Parque Estadual do Rio Preto, RPPN do Caraça e Parque Estadual de Ibitipoca (MG) e provavelmente Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) (CNCFlora, 2013).
- GIULIETTI, A. M.; WANDERLEY, M.G.L.; LONGHI-WAGNER, H.; PIRANI, J. R.; PARRA,L. Estudos em “sempre-vivas”: taxonomia com enfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta Bot. Brasileira 10: 329-377. 1996.
- OLIVEIRA, H.G. Construindo com a paisagem: um projeto para a Serra do Cipó. In: MURTA, S.M.; ALBANO, C. Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG; Território Brasilis, p.225-237, 2002.
- BORGES L.C. Cerrado: extração da flora nativa para fins ornamentais e medicinais e o desenvolvimento sustentável. Monografia. Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Brasília, Brasília, Distrito Federal. 2002. 34p.
- WANDERLEY, M.G.L.; SILVA, G.O.; GUEDES, J.S.; MOTA, N.F.O. Xyridaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB252>. Acesso em: 22 Set. 2014
- WANDERLEY, M.G.L. Xyridaceae In: GIULIETTI, A. M.; RAPINI, A.; ANDRADE, M. J. G.; QUEIROZ, L. P. DE; SILVA, J. M. C. D. (Eds.). Plantas Raras do Brasil. Belo Horizonte: Conservaçao Internacional; Univesidade Estadual de Feira de Santana, 2009. p. 496.
- CNCFlora. 2013. Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>.
- GIULIETTI, N.; GIULIETTI, A.M.; PIRANI, J.R.; MENEZES DE, N.L. 1987. Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 1, n. 2, suppl. 1, p.179-193.
CNCFlora. Xyris spectabilis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora.
Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Xyris spectabilis
>. Acesso em .
Última edição por Lucas Moulton em 08/12/2014 - 19:34:50